Motivação não é sinônimo de comprometimento

Os líderes são os principais personagens que se configuram como representantes das empresas junto às equipes. Ou seja, eles são os responsáveis por repassarem todas as informações necessárias e darem o suporte suficiente para que os talentos atinjam e superam as expectativas do negócio – fator que determina a sobre vivência de qualquer organização. Se por um lado a empresa espera que os colaboradores vistam a camisa e se engajem e se sintam, de fato, parte integrante da corporação é de se esperar, no mínimo, que as lideranças também sigam o mesmo caminho. Ou seja, que os líderes tenham comprometimento e deem o melhor de si.

O problema surge quando a gestão passa consideram profissionais motivados com aqueles que se mostram comprometidos. De acordo com Fátima Rossetto, diretora da área de Talent Development da LHH|DBM e responsável por projetos de cultura, desenvolvimento de lideranças, assessment e programas de sucessão para executivos, o líder motivado olha para curto prazo. Já a liderança comprometida possui uma visão estratégica para a empresa. Em entrevista ao RH.com.br, ela afirma que “A liderança comprometida está sempre focada em antecipar-se, ou seja, está constantemente buscando soluções em termos de gestão do pipeline de sucessão com foco na perenidade corporativa”. Durante a entrevista, ela pontua indicadores que revelam as características de um líder verdadeiramente comprometido. Boa leitura!
RH.com.br – Quais são principais as características de um líder comprometido?

Fátima Rossetto – O líder comprometido com a empresa e, consequentemente com suas responsabilidades conhece as necessidades do negócio e as expectativas das pessoas com quem ele atua diariamente. Ou seja, ele identifica as necessidades de cada membro do seu time, contemplando isso em uma perspectiva de curto médio e longo prazo ao fazer a gestão. A liderança comprometida está sempre focada em antecipar-se, ou seja, está constantemente buscando soluções em termos de gestão do pipeline de sucessão com foco na perenidade corporativa.

RH – É comum que as pessoas ainda confundam a liderança motivada com a liderança comprometida?

Fátima Rossetto – Sim, mas existem diferenças entre o líder motivado e aquele que é, de fato, comprometido. A liderança motivada olha para curto prazo. Já a liderança comprometida olha estrategicamente para a empresa e promove ações de forma a atender o sistema e não apenas a sua área, o seu time ou o seu próprio interesse.

RH – O primeiro passo para se mostrar comprometido, passa obrigatoriamente pela motivação?

Fátima Rossetto – O primeiro passo para o comprometimento não passa pela motivação como muitas pessoas imaginam. O primeiro passo de um líder comprometido permeia o autoconhecimento. Ou seja, para estarmos comprometidos com algo ou com alguém, precisamos saber quem somos e o que efetivamente queremos. Esse é um passo fundamental para fazermos a escolha de estarmos onde estamos.

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RH – Através de treinamentos, por exemplo, é possível fazer que um líder migre da motivação para o comprometimento?

Fátima Rossetto – Um programa de desenvolvimento, por exemplo, que vise a reflexão e promova o autodesenvolvimento faz com que o indivíduo compreenda seu propósito e isso, consequentemente gera comprometimento. É importante lembrarmos que o dia a dia precisa estar voltado para o que faz com que as pessoas que atuam na organização tomem, abracem os desafios como seus. Nesse caso, o desafio será visto como uma oportunidade de crescimento profissional.

RH – Líderes comprometidos sempre são bem aceitos por equipes de baixa performance?

Fátima Rossetto – Costumo afirmar que o líder comprometido é aceito por qualquer tipo de equipe, pois ele sempre está atento às necessidades do business e das pessoas que estão próximas a ele, trabalhando para que o alinhamento seja sempre contínuo.

RH – As lideranças comprometidas podem ser consideradas uma ameaça para os líderes que não estão dispostos a superar as expectativas da empresa e de seus pares?

Fátima Rossetto – Sem dúvida alguma que podem ser considerados uma ameaça. Por quê? Porque elevam a régua do que é esperado de um líder, fazendo com que as outras equipes exijam de seus líderes comportamentos similares.

RH – Em sua opinião, quais os fatores que inibem um profissional, seja ele líder ou liderado, de se tornar comprometido com a empresa?

Fátima Rossetto – São vários os fatores como, por exemplo, possuir valores e interesses pouco compatíveis coma organização. No caso específico dos liderados, perceber que a empresa não oferece desenvolvimento e que seu líder não tem a preocupação com o seu desenvolvimento. Isso é relativo e irá variar de caso para caso. Não podemos generalizar que um fator X é responsável pela falta de comprometimento em uma determinada empresa, é preciso ter uma visão holística dos fatores que envolvem a situação.

RH – O comprometimento das lideranças influencia na redução dos indicadores de turnover e absenteísmo, por exemplo?

Fátima Rossetto – Sem dúvida que influencia. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup, os fatores que mais influenciam o engajamento dos talentos são: oportunidade de aprender e desenvolver novos conhecimentos, reputação da empresa como boa empregadora, presença de uma liderança preocupada com o bem-estar dos empregados e aquisição de novos conhecimentos.

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